quarta-feira, 18 de julho de 2012

Pensando Sustentabilidade: Teoria do Desenvolvimento Construtivo

Compartilhando texto de Ana Marques:


Olá! Hoje veremos uma teoria muito interessante sobre o desenvolvimento da consciência. Esta é uma das teorias que vou usar na minha pesquisa de doutorado para desenvolvimento de lideranças conscientes para a sustentabilidade. 

Pesquisadores no passado pensavam que só as crianças poderiam desenvolver a mente, então Robert Kegan (cientista da Universidade de Harvard) desenvolveu uma teoria para o desenvolvimento adulto que define cinco estágios de complexidade mental ou "ordens de consciência".
Para entender melhor essa teoria, primeiro vamos ver o conceito de relação sujeito-objeto. Nas palavras de Kegan:
A relação sujeito-objeto é uma distinção fundamental na maneira que nós fazemos sentido de nossa experiência - uma distinção que molda o nosso pensamento, nosso sentimento, nosso relacionamento social, e os nossos modos de se relacionar com aspectos internos de nós mesmos. A relação sujeito-objeto não é apenas uma abstração, mas algo vivo. O que quero dizer como "objeto" são os aspectos da nossa experiência, que são aparentes para nós e que podem ser olhado para, relacionado com, refletido sobre, engajado, controlado, e ligado a outra coisa. Podemos ser objetivo sobre essas coisas, no que não vê-las como "eu". Mas com outros aspectos da nossa experiência, estamos tão identificados com, incorporados em, fundidos com, que acabamos por experimentá-los como sendo a nós mesmos. Isto é o que nós experimentamos subjetivamente- o "sujeito", metade da relação sujeito-objeto.
Em resumo, sujeito é o "eu" e objeto é o "não eu". Por exemplo, em um bebê não existe uma distinção sujeito-objeto, assim não há uma distinção entre a fonte do desconforto causado pela luz brilhante ou pela fome na barriga. Não há distinção entre o “eu” e o “não eu”.
A teoria de Kegan descreve cinco estágios de desenvolvimento ou ordens de consciência:
A Mente Impulsiva (1 ª ordem de consciência): o primeiro estágio é o que caracteriza principalmente o comportamento das crianças, que são incapazes de distinguir os objetos das pessoas presentes no ambiente. Este é o nível básico de desenvolvimento. A pessoa e o ambiente estão unidos.
A Mente Instrumental (2 ª ordem de consciência): Os indivíduos nesta fase (geralmente até a adolescência) são auto-centrados e veem os outros como facilitadores ou obstáculos para a realização de seus próprios desejos. Nesta fase, a pessoa tem apenas uma perspectiva, a sua própria.
A Mente socializada (3 ª ordem de consciência): a este nível de consciência, a identidade da pessoa é vinculada a viver em relação com os outros, em papéis determinados por sua cultura local. Tal pessoa está sujeita às opiniões dos outros e é, portanto, fortemente influenciada pelo que acredita que os outros querem ouvir. Tal postura tende a ser dependente da autoridade para o direcionamento e menos propensa a questionamentos, sendo um seguidor leal. Cerca de 58% da população adulta está até esse nível de consciência.
A Mente de Autoria Própria (4 ª ordem de consciência): é capaz de dar um passo atrás de seu ambiente e mantê-lo como objeto, olhando a sua cultura de forma crítica. A mente de autoria própria é capaz de distinguir as opiniões dos outros de suas próprias opiniões para formular sua própria base de julgamento. O resultado é uma "autoria própria" de sua identidade, que é independente do seu ambiente. Guiado por sua própria bússola interna, essa pessoa torna-se então sujeito à sua própria ideologia. Esses indivíduos tendem a ser auto dirigidos, pensadores independentes.
A Mente Auto-Transformadora (5 ª ordem de consciência): é o maior nível de consciência no modelo de Kegan. Deste ponto de vista, a pessoa é capaz de considerar as múltiplas ideologias simultaneamente e compará-las, sendo cauteloso com qualquer uma. Esta perspectiva múltipla é capaz de suportar as contradições entre os sistemas de crenças concorrentes e, portanto, sujeita à dialética entre sistemas de pensamento. Menos de 1% da população adulta se encontra neste nível de desenvolvimento.
De acordo com Kegan, o estado final desta história - deste processo de mudança gradual, mas qualitativamente mudando mais e mais o que era sujeito para objeto - seria um estado em que a distinção sujeito-objeto chega ao fim mais uma vez, na direção oposta do que nos primeiros minutos de vida. Há duas maneiras diferentes que você pode sair da divisão sujeito-objeto. Uma forma é ser inteiramente sujeito sem nenhum objeto, que é um bebê. E a outra maneira é através do esvaziamento completo do sujeito para o objeto, de modo que não é, em certo sentido, nenhum sujeito, isto é, você não está olhando para fora no mundo a partir de qualquer ponto de vista que é separado dele. Você está em seguida, tomando a perspectiva do mundo todo.

De forma poética:
“A única real viagem da descoberta consiste não em ver novas paisagens, mas em ter novos olhos, de ver o universo com os olhos do outro, de centenas de outros, em ver as centenas de universos que cada um deles vê” - Marcel Proust.


Para mais sobre o trabalho de Robert Kegan:

segunda-feira, 16 de julho de 2012

GlobalGiving lança desafio aberto para ONGs interessadas em captar globalmente

A organização não-governamental americana GlobalGiving , constituída com uma plataforma online de de captação de recursos, lançou um desafio aberto para cadastrar novas organizações que queiram disponibilizar seus projetos para captação. Desde 2002, a GlobalGiving captou quase 70 milhões de dólares (140 milhões de reais), de pelo menos 270 mil doadores e para 5.834 projetos distintos em todo o mundo.
O desafio consiste em cadastrar no site novas organizações que queiram divulgar mundialmente seus projetos, para obter financiamento a elas. As entidades que forem considerada aptas no cadastramento terão um desafio de captar 4 mil dólares (8 mil reais), de pelo menos 50 doadores distintos, utilizando a plataforma do site. A duração do desafio é de cerca de 4 semanas e o seu objetivo é justamente familiarizar as organizações com a estrutura da GlobalGiving e agregar aos sites aquelas que se mostrarem aptas a utilizá-lo para incrementar sua captação de recursos.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

ONG Parceiros Voluntários lança livro com metodologias para o 3º setor


Uma metodologia para ajudar as organizações do Terceiro Setor a melhor planejarem as suas ações de forma sustentável.
Assim pode ser definido o projeto Desenvolvimento de Princípios de Transparência e Prestação de Contas em Organizações da Sociedade Civil, desenvolvido pela ONG Parceiros Voluntários a convite do  Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que teve o copatrocínio da Petrobras.
Os resultados desse esforço conjunto de mais de três anos estão agora compilados no livroONG – Transparência Como Fator Crítico de Sucesso (Editora Unisinos, 291 páginas), de autoria da presidente (Voluntária) da ONG Parceiros Voluntários, Maria Elena Pereira Johannpeter, e da historiadora Naida Menezes. Além da distribuição gratuita de mil exemplares às fundações, organizações sociais, governos, empresas e universidades, em Porto Alegre, o livro também pode ser encontrado na Livraria Humanas pelo valor de R$ 37,00.
A meta é difundir as metodologias para ampliar o nível de profissionalização do segmento. A experiência do projeto, documentada detalhadamente no livro, iniciou em 2008 e recebeu aportes do BID e da Petrobras no total de US$ 800 mil. Ao final de 36 meses, 76 organizações sociais de 21 municípios do Rio Grande do Sul mudaram o seu patamar de gestão. O mapeamento de resultados apontou que após a capacitação realizada em quatro módulos de 80 horas presenciais, 20 horas semipresenciais e dez meses de acompanhamento por especialistas, essas organizações começaram a utilizar ferramentas de gestão e apresentaram resultados imediatos.
Do total, 95% das ONGs estão disponibilizando a prestação de contas para seus stakeholders – partes interessadas que envolvem empresas investidoras e comunidades beneficiadas – ampliaram sua comunicação com seus públicos, aumentaram a capacidade de captar novos parceiros e aprenderam a cuidar melhor da sua área contábil e financeira. “As empresas querem saber para onde vai o dinheiro investido no Terceiro Setor e se a comunidade beneficiada evoluiu, se foi mais bem atendida e se houve transformações”, afirma Maria Elena. “As organizações sociais precisam ostentar credibilidade para que, em caso de alguma recessão nas empresas, o primeiro corte não seja necessariamente nos projetos sociais”, complementa.
Entre as ferramentas utilizadas e descritas no livro estão a PDCA, que busca agir de forma corretiva, a FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) e a 5W2H (Plano de Ação). Uma das ONGs que aplicou esses instrumentos foi a APAE de Santa Rosa. A instituição já firmou 64 novas parcerias e iniciou nove novos projetos. “Realizamos o diagnóstico utilizando a ferramenta FOFA, em seguida foi usado 5W2H, onde buscou-se parceria com várias entidades e instituições educacionais, e a cada período rodamos o PDCA. Essas ações estão trazendo qualidade de vida para a cidade e região”, diz Cláudia Frey, que participou da capacitação.
Segundo o IBGE, o Brasil possui hoje 338 mil ONGs, que representam cerca de 5% do PIB nacional. No mundo, é de US$ 1,3 trilhão o valor econômico da força de trabalho do voluntariado.  Segundo Lester M. Salamon, catedrático da Universidade Johns Hopkins (EUA), diretor do Centro de Estudos da Sociedade Civil e um dos pioneiros na pesquisa científica sobre o Terceiro Setor, se todos os voluntários formassem um país, ele seria o segundo maior do mundo. E mais: o Terceiro Setor emprega mais pessoas do que a indústria têxtil. Na Holanda 20% da força do trabalho atua no segmento e na Argentina as ONGs empregam mais pessoas do que as 100 maiores empresas.  “Ótimos resultados em gestão são instrumentos para beneficiarmos o público que está dentro de nossas organizações sociais”, defende Maria Elena Pereira Johannpeter.
Serviço
Autoras: Maria Elena Pereira Johannpeter e Naida Menezes
Editora: Editora Unisinos/RS
Páginas: 291
Valor: R$ 37,00 (venda somente na Livraria Humanas, em Porto Alegre)
Distribuição gratuita de mil exemplares para Fundações, organizações sociais, governos, empresas e universidade.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Empresas testam combustível de avião feito com óleo de cozinha usado


Inovação ainda está em fase de testes. Se der certo, pode reduzir em até 40% as emissões de combustíveis de avião

A Air Canada e a Airbus anunciaram, há cerca de 10 dias, que estão realizado testes para o primeiro voo com biocombustível derivado de óleo de cozinha reciclado. O trajeto adotado deverá ser entre Toronto (CAN) e a Cidade do México (MEX).
As empresas alegam que essa e outras medidas devem resultar em uma redução de 40% nas emissões do voo AC 991. De acordo com a Air Canada, a aeronave A319 fará o voo mais ecológico já realizado por uma empresa aérea.
O combustível utilizado é uma mistura de partes iguais de combustível convencional usado regularmente pelos aviões e um biocombustível desenvolvido a partir da reciclagem do óleo de cozinha.
Em um comunicado, a companhia aérea alega que a mistura, desenvolvida pela empresa SkyNRG, foi certificada e é totalmente seguro para uso em aeronaves, sem necessidade de qualquer modificação nos sistemas.
Para reduzir ainda mais o nível de emissões, o voo realizará a rota mais direta entre Toronto e Cidade do México. Ainda segundo a Airbus, será utilizado o chamado perfil de voo vertical, mais eficiente e econômico, além da aplicação do planejamento de descida contínua, que poupa combustível e limita os ruídos.
Ainda não há previsão para a efetivação da troca de combustível.