terça-feira, 6 de março de 2012

Em dez anos, grandes metrópoles poderão ter abastecimento crítico. Fórum Mundial debaterá soluções

Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental/Divulgação

Em SP, a represa Billings, um dos maiores e mais importantes reservatórios de água da Região Metropolitana de São Paulo, sofre com a grande ocupação urbana

GESTÃO HÍDRICA

Em dez anos, grandes metrópoles poderão ter abastecimento crítico. Fórum Mundial debaterá soluções

Entre 12 e 17/03, na França, representantes de mais de 180 países se reunirão no 6º Fórum Mundial da Água para debater soluções para a gestão hídrica adequada, garantindo água e saneamento básico para todos. Benedito Braga, presidente do Comitê do Fórum e vice-presidente do Conselho Mundial de Água, destaca que o evento é uma grande oportunidade para fomentar o debate sobre o tema no Brasil e, sobretudo, em São Paulo, onde a relação entre oferta e demanda do recurso já é tão crítica que, em dez anos, a população do Estado poderá enfrentar graves problemas de abastecimento

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Débora Spitzcovsky - Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável - 05/03/2012

{txtalt}Parece uma realidade absurdamente distante para quem, todos

os dias, abre a torneira e obtém, imediatamente, água potável, mas Benedito Braga, presidente do Comitê Internacional do Fórum Mundial da Água* e vice-presidente doConselho Mundial de Água*, alerta: se a população não pressionar e os governos não tomarem medidas urgentes para melhorar a qualidade do abastecimento de água nas grandes metrópoles, em dez anos, cidades como São Paulo, Pequim, na China, Mumbai, na Índia, e Dacar, no Senegal, sofrerão com a falta de água e enfrentarão um regime severo de economia do recurso.


O motivo? "Por conta da urbanização irregular, os rios estão cada vez mais sujos e, consequentemente, os sistemas de abastecimento cada vez mais precários. O limite da relação oferta/demanda de água está no limite e é preciso buscar o recurso em mananciais cada vez mais distantes, onde o m³ de água é cada vez mais caro", explicou Braga, que ainda pontuou: "É ilusão achar que a população vai deixar de crescer e a demanda não mais aumentará. A classe política deve enfrentar o problema agora, com boas obras de abastecimento que devem ser feitas de forma integrada, afinal, as bacias hidrográficas do Brasil não acompanham os limites geográficos do país".

Acompanhar e participar dos debates da 6ª edição do Fórum Mundial da Água pode ser uma excelente oportunidade para governos e sociedade civil vislumbrarem soluções para uma gestão hídrica adequada, que garanta água e saneamento básico para todos os cidadãos. O evento, que acontece entre 12 e 17/03, em Marselha, na França, reunirá representantes de mais de 180 países que debaterão o tema em diferentes formatos. Entre eles:
- Mesas Redondas Ministeriais, que discutirão assuntos-chave relacionados à água com ministros de diversos países. Izabella Teixeira, por exemplo, que é ministra do Meio Ambiente do Brasil, já confirmou sua presença na mesa "Mudanças Climáticas e Mecanismos de Mitigação";
- Triálogos, que reunirão parlamentares, prefeitos e ministros que atuam em uma mesma região para discutir medidas integradas para uma boa gestão da água e
- Encontro Presidencial de Alto Nível, entre os principais líderes mundiais. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, já confirmou presença e a presidente Dilma Rousseff foi convidada a participar da reunião, mas ainda não respondeu ao convite.

As discussões realizadas durante o Fórum resultarão em um documento que será apresentado naRio+20 - Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece em junho, no Rio de Janeiro. "O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, assegurou ao nosso Conselho, já em 2010, que a água teria lugar especial nos debates da Rio+20. Isso é excelente, uma vez que a Conferência vai produzir uma declaração legalmente vinculante, enquanto o Fórum serve para fomentar as discussões sobre o tema, mas não tem força de lei", disse Braga.


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