quarta-feira, 27 de julho de 2011

Brasil precisa de marco regulatório para economia verde, defende Embrapa

A agricultura será um forte indutor para tornar a economia brasileira de baixo carbono. Essa é a opinião do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes. De acordo com ele, o segmento é capaz de fornecer diversos serviços, como sequestro de carbono e proteção de áreas verdes, e ter bons resultados entre cinco e dez anos, prazo impensável para o setor industrial.

Entretanto, ele lembra que é fundamental instituir um marco regulatório voltado para a economia verde nacional que contemple regras para a certificação de produtores rurais que adotam a prática de sustentabilidade nas propriedades agrícolas. “Não precisa existir contradição entre o meio ambiente e a agricultura”, defendeu durante a 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em Goiânia (GO), de 11 a 15 deste mês.

"A agricultura será a indústria do futuro e pode ser a propulsora da descabornização de nossa economia", completou. Dados apresentados por ele apontam que a safra de 2011/2012 pode alcançar 170 bilhões de toneladas de grãos. O valor bruto da produção nacional é da ordem de US$ 177 bilhões por ano. O setor responde por 28% do Produto Interno Bruto (PIB), emprega 37% da força de trabalho e as exportações ultrapassam a casa dos 40%.

Para ele, a adoção de políticas corretas pode evitar novos desmatamentos no campo e garantir uma maior produção de alimentos alinhada à sustentabilidade, mesmo na agricultura irrigada. Arraes, disse, ainda, acreditar que chegará o momento em que o país cobrará o custo da água irrigada utilizada das bacias hidrográficas, seguindo os padrões mundiais.

“O desafio da agricultura brasileira é manter a atual extensão de terra cultivada e alavancar mais a produtividade pela implementação da tecnologia”, disse. Hoje o segmento está entre os que mais recebem investimento em ciência e tecnologia (C&T). Dos 1,61% do PIB investido em C&T anualmente, cerca de 12% são direcionadas para a área agrícola.

O Cerrado também tem potencial para tornar o país uma potência mundial agrícola, ambiental e energética (renovável) nos próximos anos. Segundo a Embrapa, a produtividade de grãos nesse bioma vem superando a média nacional, em decorrência do acesso à C&T e da implementação de políticas públicas favoráveis de fomento ao campo.

Para se ter uma ideia, a produtividade do milho no Brasil atingiu em média 3,5 mil por hectare, enquanto a do Cerrado foi de 12 mil. A da soja, a principal commodity agrícola cultivada no país, principalmente em Mato Grosso, atingiu 2,6 mil, abaixo da produtividade de 3,9 mil por hectare apurados no Cerrado.

Questionado sobre o texto do novo Código Florestal, Pedro Arraes destacou que a proposta tem um viés ideológico e não está apoiada num embasamento técnico sobre os impactos no campo. Ele chamou a atenção para a necessidade de o país avançar no atual texto para evitar novos desmatamentos das florestas. "Hoje o Brasil já tem área suficiente para ser o celeiro agrícola do mundo", concluiu.


Cynthia Ribeiro

Fonte: http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_view.php?id=1314

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