quarta-feira, 27 de julho de 2011

Entrevista com Adriana Gribel, diretora da Tenco Realty

A diretora da Tenco Realty, Adriana Gribel, explica como a empresa espera estimular práticas ambientalmente e socialmente corretas no mercado de shoppings centers. A empresa mineira atua não só no planejamento, bem como desenvolve e gerencia centros de compras em seis Estados brasileiros.

“Na prática, o que fizemos foi incorporar esse conceito em nossos empreendimentos, desde a concepção do shopping, passando pelo projeto arquitetônico até a operação diária”, disse com exclusividade para o Responsabilidade Social.com. Na entrevista, ela mostra quais as principais medidas adotadas e qual o impacto para o consumidor. Confira.

1) Responsabilidade Social - A Tenco Realty, empresa mineira que planeja, desenvolve, gerencia e administra shoppings centers, lançou o conceito “garden” nos empreendimentos que desenvolve. A senhora poderia detalhar qual a principal proposta desse mecanismo e quais critérios estão envolvidos?
Adriana Gribel – Trata-se de um novo posicionamento baseado no tripé da sustentabilidade, ou seja, projetos economicamente viáveis, com geração de empregos, impostos, rentabilidade para lojistas e investidores; ecologicamente corretos, com iluminação natural, tratamento de esgotos para reutilização da água para ar condicionado, limpeza e irrigação, investimento em energia limpa como a eólica ou a solar para o funcionamento dos empreendimentos; e socialmente justos, com respeito aos valores culturais e sociais de cada região. Os projetos também contam com acessibilidade arquitetônica e oferecem treinamento e formação profissional para jovens das localidades onde os shoppings são implantados.

Esse novo olhar sobre o segmento é uma inovação da empresa que derruba a barreira que ainda existe entre consumo e sustentabilidade, promovendo a consciência ambiental entre consumidores, fornecedores e lojistas. Na prática, o que fizemos foi incorporar esse conceito em nossos empreendimentos, desde a concepção do shopping, passando pelo projeto arquitetônico até a operação diária. Além dessas questões, o conceito também incorpora o apoio a instituições sociais locais e o desenvolvimento de uma comunicação franca e estratégica com a comunidade, ONGs e governo.

2) RS – Como é pautada a política de responsabilidade social do grupo?
AG - Nossa política social não está restrita a uma área ou equipe. Ela está presente na condução dos nossos projetos e decisões, por meio de uma gestão empresarial estabelecida sobre padrões éticos de relacionamento, não apenas com comunidades em risco social, mas, especialmente, e de forma prioritária, com a equipe de colaboradores, clientes, fornecedores, consumidores, lojistas e stakeholders.

Destaco também a realização anual do Dia Garden, durante o mês do meio ambiente, em junho. Neste ano, incentivamos nossos funcionários, parceiros, fornecedores e empresas terceirizadas a realizarem ações verdes. Fizemos uma campanha dividida em quatro ações, cada uma com informações, dicas e curiosidades sobre temas como economia de papel, coleta seletiva, economia de energia e economia de impressões.

A ideia foi valorizar e divulgar o que cada município em que a empresa atua tem feito de diferente nas questões ambientais. Entre os exemplos, estão a proibição do uso de sacolas plásticas na capital mineira, totalizando menos 13 milhões de ameaças ao meio ambiente; e a troca de materiais recicláveis por mudas de plantas desenvolvida em Juazeiro do Norte, no Ceará.

Além de divulgar essas boas ações e buscar motivar as pessoas a fazer algo pelo nosso planeta, desenvolvemos uma ação em rede de conscientização e de arrecadação de alimentos em seis cidades onde a empresa atua. Os donativos arrecadados foram repassados para instituições do terceiro setor de Arapiraca (AL), Belo Horizonte (MG), Betim (MG), Juazeiro do Norte (CE), Macapá (AP) e Taubaté (SP).

3) RS – Na sua opinião, a prática evoluiu ao longo dos anos?
AG - Sim! Ainda que investíssemos em ações solidárias, levando para dentro da empresa a consciência de cidadania e motivando nossa equipe a atuar voluntariamente e transformando ações isoladas em atitudes de valorização do ser humano, antigamente a as ações eram pontuais. Vale citar o Dia do Voluntariado, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que participamos desde 2004. Por esse projeto já construímos e reformamos bibliotecas em comunidades em risco social.

A empresa também sempre atuou em ações socioambientais nos empreendimentos que desenvolve. Para se ter uma ideia, em 2007 a campanha de Natal do West Shopping, em Mossoró, no Rio Grande do Norte, foi diferente e especial. Cupons de sorteio de um carro zero foram trocados por doações de roupas e alimentos não-perecíveis. Com a ação, o shopping arrecadou quatro toneladas de doações que foram encaminhadas a instituições sociais da cidade.

Creio que ações como essa são importantes, porque muitas vezes as pessoas querem ajudar ao próximo, mas não sabem como. Quando uma empresa se propõe a ser esse canal de ajuda ao próximo, isso estimula o cidadão comum a fazer parte de algo maior, que colabore com o desenvolvimento social. Essa e outras ações em anos anteriores foram os primeiros passos para que a empresa investisse de uma forma mais ampla e efetiva numa política formal de sustentabilidade.

4) RS – A senhora poderia detalhar quais os principais investimentos feitos em ações socioambientais e qual o orçamento para este ano?
AG - Como as ações estão dentro dos nossos projetos de shoppings, bem como nas campanhas Garden e na estratégia de comunicação com a comunidade, não saberia especificar aqui o investimento financeiro. Este ano é o primeiro que estamos transformando todas estas ações que sempre fizeram parte de nossa história em dados para que em nosso planejamento 2012 possamos refletir de forma completa o conceito Garden.

5) RS – Na sua avaliação, qual o retorno que a organização tem atuando de maneira socialmente responsável?
AG - Mais do que o retorno, temos que pensar em nosso papel como ser humano. As ações socialmente responsáveis não são uma escolha das empresas, mas sim uma obrigação. É importante destacar que essas iniciativas começam desde atitudes simples, baseadas em valores éticos e na busca constante por um ambiente de trabalho que estimule a qualidade de vida, a transparência entre parceiros, sócios e clientes; o respeito às leis, ao meio ambiente, entre outras. O retorno é apenas uma conseqüência.

6) RS - Qual o impacto das ações de sustentabilidade para o consumidor? Na sua avaliação, os consumidores têm o poder de mudar a postura das empresas?
AG- O impacto é grande. Os consumidores estão mais preocupados em consumir ou utilizar os serviços de empresas que prezam pela sustentabilidade. Na nossa área, por exemplo, o consumidor busca um centro de compras com qualidade e comodidade, mas que também esteja preocupado com uso racional de recursos naturais como água e energia.

O consumidor brasileiro cada dia mais valoriza as ações que tenham impacto no ambiente e na vida deles, direta ou indiretamente. Esse posicionamento será cada vez mais forte nos próximos anos. Um grande exemplo é o das nossas crianças e adolescentes. Eles estudam ativamente os assuntos ambientais nas escolas e grande parte já sabe mais sobre os temas sustentáveis do que os próprios pais. Eles estão sendo preparados para mudar o planeta e já têm grande influência em toda a família. Imagina o poder dessas crianças e adolescentes para influenciar ainda mais a postura das empresas agora e no futuro?

7) RS – De que forma os shoppings centers têm trabalhado para aliar crescimento econômico e consumo sustentável?
AG - Investindo na construção de empreendimentos “verdes”, ou seja, buscando alternativas de tornar sustentáveis as construções do empreendimento, sua arquitetura e, claro, sua operação diária. Fazemos isso optando por um projeto arquitetônico que favoreça a iluminação natural, durante o dia, reuso de água, além de sistemas alternativos para o uso da energia, um dos principais gastos dos centros de compras.

Outra maneira eficaz é pensar em soluções práticas que poderão minimizar os impactos, como, por exemplo, realizar parcerias com cooperativas de catadores para separar e reciclar o lixo do empreendimento. Se a sustentabilidade nortear as ações e estratégias dos shoppings centers as soluções e alternativas serão muitas.

8) RS - O que é, na sua opinião, responsabilidade social, econômica e ambiental?
AG - Responsabilidade social, econômica e ambiental são três conceitos que estão intimamente ligados. Na verdade, uma não existe sem a outra. Não é, simplesmente, um conceito empresarial. É a visão da empresa em todos os seus negócios e relações baseado na ética com seus stakeholders, transparência e promoção de ações que impulsionem o desenvolvimento sustentável, respeitando e preservando os recursos ambientais e minimizando os impactos causados pela sua instituição. De forma objetiva, é compreender que toda instituição também tem o papel de construir uma sociedade justa, igualitária e sustentável e, assim, fazer com que essa máxima vire ação.


Cynthia Ribeiro

Fonte: http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_view.php?id=1315

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