sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ações serão implementadas nos próximos cinco anos e objetivam garantir a preservação da floresta, crescimento econômico e distribuição de renda

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect) do Pará está costurando um amplo programa indutor para a transição da economia local para um modelo mais sustentável. A proposta é aplicar técnicas modernas em cadeias produtivas da biodiversidade, como por exemplo, alimentos e dermocosméticos, num movimento que vai na contramão do desmatamento.

“O Pará não pode depender de uma matriz econômica pautada na derrubada da floresta e na perda da biodiversidade. Nossa maior riqueza são nossos recursos renováveis”, destaca o secretário, Alex Fiúza de Mello. De acordo com ele, a ideia é ampliar a cadeia produtiva paraense e atender desde o pequeno produtor aos grandes empresários.

As ações serão implementadas entre 2011 e 2015. A criação dessa cadeia é consequência de um estudo coordenado pela Sedect, que identificou como principais produtos de apelo comercial e não madeireiros os fitoterápicos, como breu branco, inajá, copaíba, murumuru, semente de cupuaçu, semente de cumaru e leites.

Em alimentos funcionais foram apontados o açaí, cacau, castanha, buriti, bacuri, palmito, bacaba, taperebá e cupuaçu. A lista inclui, ainda, cosméticos e corantes obtidos a partir desses produtos vegetais. “Agora vamos focar os investimentos nesses empreendimentos e definir uma estratégia de gestão que some e não divida esforços públicos e privados”, elencou.

O programa foi batizado de Biopará e contará com recursos do Estado destinado à pasta de ciência e tecnologia para o próximo quadriênio, com acréscimo de recursos captados no sistema federal e na iniciativa privada. A gestão apostará na ação compartilhada, ou seja, a secretaria espera trabalhar com outros órgãos, num formato que agregue empresários, universitários e governo.

“O programa será a coluna-mestra das ações da secretaria, permeando a maioria das políticas públicas em gestação para o setor de ciência, tecnologia e inovação (CT&I)”, diz. Ainda segundo Fiúza, um dos desafios mais urgentes é a definição da engenharia de gestão entre os vários atores institucionais. “Não pode a burocracia ter prevalência sobre os resultados perseguidos”, pontua.

Espera-se a qualificação de recursos humanos, valorização da floresta em pé, implantação de certificados de laboratórios, implantação de pequenas usinas e fábricas, além da criação de um selo para certificação de produtos. “Hoje um dos impedimentos para a exportação dos produtos da floresta é a ausência de um selo de qualidade, e o Biopará deverá enquadrar todos os segmentos da cadeia produtiva”, planeja o secretário.

Ainda de acordo com ele, a biodiversidade local será explorada com racionalidade e com aplicação adequada do conhecimento científico, o que dará sustentabilidade a uma economia do futuro, gerando novos ramos da atividade econômica, com maior inclusão social e geração de emprego e renda. “O ciclo do minério é datado, pois está baseado na exploração de recursos não-renováveis”, avalia.


Cynthia Ribeiro

Fonte: http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_view.php?id=1300

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